Portugal emergiu mais forte das crises do passado graças, em particular, à nova geração de licenciados que optaram por permanecer no país em vez de procurarem um futuro melhor no estrangeiro. Esta dinâmica beneficia particularmente o interior – há muito isolado do boom económico nas províncias costeiras.
Mariana Tabelião estuda moda em Lisboa, mas passa a maior parte do tempo nas oficinas de uma fiação quase centenária sediada em Évora, no Alentejo. Que ambição? Lançar uma linha de roupa elegante e durável “estilo português”, controlando toda a cadeia produtiva, começando pela escolha das matérias-primas. O jovem de 24 anos não sentiria falta de tosquiar ovelhas por nada. Através do seu entusiasmo, ela convenceu um criador a melhorar a qualidade do seu rebanho para produzir lã melhor. E juntou-se à sua causa Otília Santos, dona da fábrica de lãs, que põe à sua disposição as suas antigas máquinas. Com as suas criações em feltro de lã tradicional português, a Mariana consegue enriquecer o seu portfólio de produtos de linho para o lar, oferecendo artigos de moda portuguesa. E com os lucros assim gerados poderá financiar a modernização gradual da fábrica.
Pedro Pareira, 26 anos, é gestor de produção numa emblemática fábrica de bicicletas no “Bike Valley”, sul do Porto, onde a pequena rainha vive um crescimento sem precedentes. Em apenas quatro anos, o volume de negócios do seu empregador disparou, de 3 para 67 milhões de euros. Quando a pandemia encerrou as cadeias de abastecimento para a Ásia, Portugal continuou a cumprir. Pedro aprecia a qualidade de vida que o sertão português oferece, a boa comida e as belas paisagens. Um cenário ideal para mexer nos seus protótipos de bicicleta depois de algumas horas de jardinagem. Aqui ele tem futuro nesse ramo, tem certeza disso. Desde que ele e seu chefe consigam convencer os jovens profissionais das virtudes da vida na província. Um conceito da Alemanha poderia muito bem ajudá-los…
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