Na origem das revelações de “Vazamentos de futebol“no lado de baixo do negócio do futebol, o Português Rui Pinto foi condenado esta segunda-feira, 11 de setembro, pelo Tribunal de Lisboa por pirataria informática e tentativa de extorsão contra um fundo de investimento desportivo, tendo sido condenado a uma pena suspensa de quatro anos de prisão.
Acusado e testemunha protegida do sistema de justiça do seu país, o jovem de 34 anos reivindicou o papel de denunciante, mas admitiu perante os seus juízes ter cometido invasões ilegais a computadores para obter milhões de documentos que começou a publicar diretamente na Internet no final de 2015.
Transmitida a um consórcio de meios de comunicação de investigação europeus, esta informação inesperada trouxe à luz práticas questionáveis envolvendo craques, clubes e agentes, que foram então objecto de ajustamentos fiscais e inquéritos jurídicos em vários países.
Salários de Lionel Messi Ou Neymar a uma acusação de estupro contra Cristiano Ronaldoentretanto rejeitados, incluindo as estratégias de evasão do fair play financeiro do Manchester City ou registro étnico no Paris Saint-Germaino mundo do futebol ficou profundamente abalado com esse gigantesco vazamento de informações.
Sem tempo de prisão
“Fiquei indignado com o que descobri e decidi torná-lo público”, declarou Rui Pinto na abertura do seu julgamento, em setembro de 2020, acrescentando que os “Football Leaks” foram “motivo de orgulho e não de vergonha”.
A juíza presidente do tribunal de Lisboa, Margarida Alves, considerou, no entanto, que “a liberdade de informar não justifica a violação da vida privada”.
“Esta decisão reconhece que houve um serviço público”, notou o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, à saída do tribunal, congratulando-se com o facto do seu cliente ter escapado da prisão.
Relativamente à acusação de tentativa de extorsão, “o tribunal não teve dúvidas. (…) Ficou claramente estabelecido que ele (Rui Pinto) pretendia receber dinheiro”, afirmou a juíza Margarida Alves.
Multa de 22 mil euros para indemnizar as vítimas
Segundo a acusação, os portugueses queriam chantagear o chefe da Doyen Sports, o seu compatriota Nélio Lucas, exigindo entre 500 mil e um milhão de euros para deixar de publicar documentos comprometedores.
Foi uma denúncia deste fundo de investimento sediado em Malta e controlado por uma família de oligarcas cazaque-turcos que colocou a polícia portuguesa no encalço do hacker autodidata, originário da região do Porto (norte de Portugal).
Durante o seu julgamento, Rui Pinto lamentou ter cometido um “grande erro”, garantindo que nunca teve intenção de levar a cabo a sua chantagem.
“No essencial, os factos descritos (na acusação, nota do editor) foram considerados provados”, afirmou Margarida Alves durante a leitura do acórdão que, aliás, condenou Rui Pinto ao pagamento de um total de 22 mil euros para indemnizar as suas vítimas.
Embora tenha sido responsável por um total de 89 crimes informáticos, Rui Pinto foi condenado por cinco acusações de “acesso ilegítimo” a sistemas informáticos e três acusações de “violação de correspondência agravada”, disse ela. especificando que beneficiou parcialmente da amnistia concedida pelo governo português por ocasião da visita do Papa Francisco no início de agosto durante a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa.
Cooperação em vários casos
A decisão proferida segunda-feira não vai pôr fim aos seus problemas com a justiça portuguesa, tendo o Ministério Público elaborado recentemente uma nova acusação que o acusa de 377 novos crimes informáticos que terá cometido entre 2016 e 2019 contra cerca de 70 pessoas, empresas ou instituições.
Preso em janeiro de 2019 na Hungria, onde vivia, e depois extraditado para o seu país, Rui Pinto passou mais de um ano em prisão preventiva antes de aceitar cooperar com as autoridades noutros casos, permitindo-lhes o acesso a dados encriptados que tinha na sua posse. posse.
A França solicitou também a colaboração dos portugueses, que também está na origem do “Luanda Leaks”, investigação publicada em Janeiro de 2020 que acusa a empresária Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, de ter acumulado um imenso fortuna fraudulentamente durante o reinado de seu pai.
Com a AFP
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