Ele teria chamado o colega de “português sujo” no final de uma assembléia metropolitana. O SOS Racismo informa esta terça-feira que foi apresentada uma queixa contra o presidente da cidade metropolitana de Tours, Frédéric Augis, depois de este ter proferido alegadamente um insulto racista a um dos seus vice-presidentes, Cedric de Oliveira.
Revelado em meados de abril por France 3 Centre-Val-de-Loire, o caso remonta a 4 de abril, durante um aperitivo no final do conselho metropolitano. O presidente Les Républicains du conseil, Frédéric Augis, irritou-se então com Cédric de Oliveira, 9º vice-presidente da metrópole (vários à direita), responsável pelos equipamentos culturais e comunicação. O presidente metropolitano criticou particularmente o vice-presidente por não querer integrar seu grupo, o majoritário, dentro do conselho metropolitano.
“Você é apenas um vice-presidente”, ele teria dito. “Você é apenas um português sujo”, ele teria insistido. As agressões foram denunciadas numa carta posteriormente dirigida a Frédéric Augis, na qual Cédric de Oliveira denunciava a “brutalidade” dos comentários feitos pelo chefe da autarquia metropolitana de Tours. Sem querer informar.
Comentários considerados “chocantes”.
Mas para a associação SOS Racismo, essas declarações provavelmente constituem um crime de insulto público de natureza racial, disse ela em uma denúncia dirigida aos promotores públicos de Paris e Tours. “É muito chocante que um representante eleito da República faça tais comentários”, denuncia a associação.
Em carta endereçada ao colega, e repassada pela revista local 37 graus, Frédéric Augis quis pedir desculpas a ele e explicou que tinha “palavras duras” além de seus pensamentos, durante uma “troca muito tumultuada”. “Prometo não repetir tais declarações no futuro”, diz ele.
Apesar dessas desculpas, vários eleitos locais, tanto de direita quanto de esquerda, expressaram indignação. “Em uma democracia, o debate político é uma troca de argumentos substantivos e as diferenças de opinião são resolvidas por deliberação e votação. Os palavrões prejudicam seriamente a necessária serenidade dos debates. Eles devem ser condenados com mais severidade se assumirem um caráter racista ”, reagiu a Federação do Partido Socialista de Indre-et-Loire.
“As calúnias racistas não têm lugar em lugar nenhum, principalmente nas instituições republicanas que têm o dever de dar o exemplo. Por isso dou todo o meu apoio ao senhor Cédric de Oliveira que é vítima disso”, comentou também Jean Gérard Paumier, presidente do conselho departamental de Indre-et-Loire, citado pelo France 3.
O caso também revelou duas denúncias de 2011 e 2014 apresentadas por um ativista socialista de ascendência portuguesa. O já falecido denunciou então ameaças, violência e declarações xenófobas contra ele. No entanto, as reclamações foram encerradas sem ação, lembra o jornal A Nova República. Frédéric Augis, por sua vez, acredita ter sido vítima, nestas duas denúncias encerradas, de assédio, e denuncia uma caçada contra ele.
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