Excluído – Nuno Borges: “O top-50 é um golo, mas tenho de pensar jogo a jogo”
Pablo Gallego em Roland Garros.
Tomado o duche, por volta das 19h00, Nuno Borges passou pela sala de entrevistas do tribunal Philippe Chatrier para responder às questões do Flashscore France, na sequência do triunfo na primeira jornada de Roland-Garros.
No campo nº13, Domingo, John Isnerex-Top-10, e Nuno Borgesactual nº1 português, travou uma batalha maratona, que só um Grand Slam pode oferecer. “Outro Esporte”como tão apropriadamente disse Novak Djokovic Sábado em coletiva de imprensa.
Após 4h03 de jogo, o jogador da maia, no norte de Portugal, caiu sobre o ocre parisiense, cobrindo o rosto com as duas mãos, tamanha era a sua alegria e o seu alívio. Porque sim, naquela época, Nuno Borges acaba de alcançar um desempenho marcante em sua carreira: passar pela primeira vez na primeira fase do Roland Garros.
A batalha foi dura, o português foi buscar o último ponto – em 10-9 no super tie-break – bem no fundo de si. E desta vez acertou, ele que tinha visto o adversário desvencilhar-se duas vezes na partida, quando sacou para vencer o 3º set e o 5º.
Pergunta – Primeiramente, parabéns pela vitória. Vocês dois completaram uma verdadeira maratona, mais de 4 horas de jogo (4:03)… A batalha no último set foi muito impressionante. Você estava liderando com um intervalo de antecedência, ele voltou e, finalmente, você venceu no super tie-break… Quais são suas impressões após esta partida?
Resposta – Sim, de fato, foi uma partida muito difícil, uma partida muito longa, que foi desgastante mentalmente. Houve muitos altos e baixos. Mentalmente, é difícil quando você consegue pegar o saque do seu oponente duas vezes em um set, e então é pego quando pode finalizá-lo – em 5-4. Se você não finalizar isso quando necessário, inevitavelmente para trás, isso causa mais erros de sua parte. Apesar de tudo, estou muito feliz e muito orgulhoso por ter vencido este primeiro turno. Eu acho que no final, é merecido. A vitória foi muito trabalhada e a partida foi extremamente intensa.
Q – Você se sente fisicamente e mentalmente pronto para lutar outra batalha de segundo turno contra Schwartzman ou Zapata Miralles?
R – Sim, claro! Terei dois dias de folga, pois jogo novamente na quarta-feira. É importante para mim. Além disso, estou confiante na ideia de estar pronto para esta reunião. Claro, depois de quatro horas de jogo, é difícil se sentir renovado imediatamente. Mas, de qualquer forma, me sinto bem e a única coisa que espero é estar muito mais confiante no meu jogo. Enfim uma vitória como essa, depois de uma longa batalha e várias horas de jogo, só para mim é positivo.
P – John Isner é um jogador bastante conhecido no circuito ATP, 38 anos, ex-top-10, grande saque, alto… Qual foi a chave para vencer o seu adversário, principalmente no super tie-break da última rodada?
R – Sim, o João é um jogador que coloca muita pressão no jogo. Isso é claro. O mais importante foi manter a minha ideia, o meu plano de jogo, estar focado no meu objetivo. Eu sabia o que tinha que fazer, sabia que tinha que trabalhar os pontos no saque de John, tentar ler o face-off da melhor maneira possível – mesmo que, como você pode imaginar, seja muito complicado devido ao poder. Mas aqui está, tive que escolher um lado e dar tudo para mandar um bom retorno. Você tinha que aceitar isso, seu dever pesado. Às vezes era ainda melhor para mim concordar em devolver a bola no meio do que cometer um erro não forçado. Eu coloquei na minha cabeça que era melhor jogar contra essa dificuldade, mantendo-me um jogador determinado. E, acima de tudo, queria ganhar os pontos, consegui-los eu mesmo, construir e terminar. Em vez de segurar as trocas para empurrá-lo para a falha.
P – Você bateu seu recorde aqui em Roland-Garros, passou de primeira fase pela primeira vez na carreira. Parabéns!
R – Muito obrigado!
P – O mesmo, seus sentimentos em relação a isso. Você acha que ainda pode ir um pouco mais longe?
R – Sim, claro (risos). Agora que estou aqui, vou aproveitar e tentar ir o mais longe possível. Vou me concentrar para tentar vencer meu próximo jogo. Agora estou muito feliz com meu desempenho e vou aproveitar minha vitória hoje, porque é um dia fabuloso para mim. Muito feliz, é uma grande vitória. Vou descansar bem esta noite e amanhã começarei a buscar as chaves para vencer meu próximo jogo, além de continuar trabalhando muito para estar no caminho certo.
P – És o único jogador português no top-100. És também o segundo na história do ténis português a estar no top-100, depois de João Sousa. Além disso, você é o 76º jogador do mundo. O que falta para chegar ao top-50?
R – Simplesmente, jogando torneios e se apresentando. Isso vai me ajudar a atingir esse objetivo. Podemos tomar como exemplo Jan-Lennard Struff que antes de Madrid estava entre os 100 primeiros e que graças à sua final se tornou 26º. Ou ainda Hanfmann que estava fora do top 100 e agora é 65º. Essas são coisas que importam e isso significa que você pode ser “azarão” enquanto ainda atende às expectativas. Não estou dizendo que é isso que vai acontecer aqui (risos), mas vou tentar fazer. Sei que não sou o favorito para vencer Roland-Garros (risos), mas vou jogo após jogo e, trabalhando com muito empenho, acho que posso passar pelo menos mais uma rodada. E uma vez feito isso, tentarei estar na mesma linha para a próxima rodada. O top 50 é um objetivo claro para mim, sinto que tenho de me manter focado nisso, mas tenho de pensar jogo a jogo.
P- Muito obrigado!
Um obrigado!
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