Portugal: primeiras vagas de mobilizações

Um ano depois de o Partido Socialista (PS) ter obtido a maioria absoluta no Parlamento, a situação política mudou. A luta do povo ocupa agora o centro das atenções em Portugal. Publicamos um trecho de um artigo de Viento Sur.

Essa luta inclui a de professores, médicos, enfermeiras, magistrados e militares da aviação civil – que reivindicam aumentos salariais sob pressão da inflação e aumento dos juros – e as mobilizações transversais, como as marcadas para 25 de fevereiro (Por uma Vida Justa, contra o aumento do custo de vida) ou 1º de abril (pelo direito à moradia).

Professores: em um mês de greves e três grandes manifestações

Professores e profissionais da educação estão revoltados. Sofrem com a redução dos salários em termos reais, a progressão na carreira bloqueada pela imposição de quotas, o incumprimento do cálculo da antiguidade, a precariedade e a ausência de compensação das despesas de deslocação para escolas distantes de casa. A situação não é nova, mas a perda real de salários por conta da inflação incendiou as escolas. O rebaixamento da carreira docente afastou as gerações mais jovens da profissão, à medida que milhares se aposentam. A falta de professores já é sentida em muitas disciplinas, turmas e regiões do país. Milhares de crianças e jovens já estavam fora da escola antes das greves por falta de professores. E a situação está piorando a cada ano. Em vez de encontrar soluções contabilizando integralmente o tempo de serviço, pagando despesas de viagem ou criando incentivos para áreas carentes (como é o caso de policiais ou médicos), o governo decidiu s atacar o direito de greve dos professores e exigir deles um serviço mínimo para a recepção e alimentação dos alunos, bem como para as aulas. A evolução das negociações sugere respostas muito parciais e insuficientes e o prolongamento de uma batalha em que a mobilização da classe docente está no auge.

Habitação no centro das lutas

O BCE anunciou um novo aumento da taxa de juro de referência, que se situa agora em 3%. Esse aumento leva a economia à estagnação, prejudica o emprego e os salários sem tocar nas principais causas da inflação – gargalos na oferta e especulação. A subida das taxas de juro tem um efeito direto no rendimento das pessoas que contraíram crédito à habitação, que viram as taxas de juro subirem até 50%, sem qualquer mecanismo de proteção eficaz. Em Portugal, o direito fundamental à habitação ainda não está satisfeito. Em menos de dez anos, os preços das casas dobraram e os aluguéis aumentaram 50%. A habitação representa um percentual desproporcional da renda do trabalho, resultado de políticas públicas que têm incentivado a especulação e o turismo residencial de luxo. […]

Em Lisboa, ganha força a campanha para o referendo da habitação, com o objetivo de limitar severamente as facilidades concedidas à transformação de habitação em alojamento turístico. Enquanto isso, uma série de protestos pelo direito à moradia está se formando nas principais cidades, com a perspectiva de grandes multidões em 1º de abril, bem como outras formas de protesto por salários ou pelo clima. A primavera vai ser quente.

Tradução FD

Versão completa para ler: https://vientosur.info/de…

Marco Soares

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