Escolas em todo o país permanecem fechadas em um “clima de tensão”.
O confronto entre professores e o ministério da educação deve continuar, segundo relatos na quarta-feira, já que muitas escolas em todo o país permaneceram fechadas e os protestos continuaram.
“As últimas propostas do (ministro da Educação) João Costa não têm satisfeito as principais reivindicações dos sindicatos, e as declarações do ministro jogaram mais lenha na fogueira”, escreveu Correio da Manhacitando o secretário-geral da FENPROF (federação dos sindicatos dos professores) Mário Nogueira que insiste que “a onda de protesto vai continuar a crescer se o governo não respeitar a profissão docente”.
Mário Nogueira falava num dia de perturbação em Valença, Figueira da Foz, Marinha Grande, Coimbra, Setúbal e Cascais – e estas são apenas algumas das zonas afetadas por esta greve que agora quase de certeza afetará a economia (por exemplo muitas pais tiveram que se ausentar do trabalho para cuidar dos filhos).
Segundo Mário Nogueira, a ideia é “dar uma lição ao governo”. Ele insiste que a onda de protesto está crescendo exponencialmente: “Ninguém vai parar uma onda como esta, e vamos continuar ajudando a onda a crescer…”.
As greves apoiadas pela FENPROF juntam-se a nove sindicatos e não devem terminar até 11 de fevereiro, quando Nogueira prevê outro protesto de massas em Lisboa, “maior do que qualquer outro antes”.
O facto de o STOP (sindicato de todos os docentes e não docentes) estar a lançar a sua própria “onda”, convocando para este sábado, em Lisboa, uma nova manifestação – e lançando desafios diários ao Presidente Marcelo Rebelo complica ainda mais a questão e cabe a Sousa “intervir” (ou seja, mediar) para quebrar esse impasse.
Na terça-feira, o presidente foi visto na companhia do ministro da Educação, João Costa (a assistir à conferência final de um ex-ministro da Educação), mas pouco se falou.
Segundo relatos, “João Costa manteve-se calado sobre o que esperava nas negociações com os sindicatos”, enquanto Marcelo se descreveu como “esperançoso”.
De muitas maneiras, essa greve está “fugindo por conta própria”. O frontman do STOP, André Pestana, está confiante de que tem o público a bordo, embora muitos pais (talvez até alunos) estejam cansados das constantes interrupções e incapacidade de voltar às rotinas diárias.
“Muitos pais e muitas crianças se juntaram a nós porque entendem nossa luta”, disse ele aos repórteres.
“Nós profissionais da educação, docentes e não docentes, também somos pais e avós e os nossos filhos e netos também faltam às aulas. O que você tem que entender é que as grandes conquistas do direito do trabalho – limitação da jornada de trabalho, licença parental, etc. »
“Esta luta foi iniciada pelo STOP – infelizmente os outros sindicatos não quiseram estar do nosso lado – mas não é a luta do STOP nem do André Pestana. É de todos e em defesa da rede pública de ensino. A sociedade não está acostumada com esse nível de sindicalismo. Eu já disse ao ministro. Quem vai determinar se esta luta pára e quando não será André Pestana ou líderes políticos. Serão os milhares de colegas, profissionais da educação, que vão decidir democraticamente nas escolas”, continuou Pestana, mostrando como deve ser difícil trazer esta questão ao nível de calma necessária para discussões construtivas.
Dito isso, a mídia destaca a situação de muitos professores, mostrando como as condições podem ser miseráveis para eles.
O exemplo desta quarta-feira foi Luísa Rodrigues, 46 anos, professora contratada há 20 anos. Tem um salário ilíquido de 1.047,89€ mas recebe apenas 850€ por mês. “Tenho um cronograma incompleto de 15 horas, mas trabalho 60 quando tenho 140 testes para corrigir”, explicou ela. Correio da Manha, que acrescenta que em 2011 ela perdeu o emprego de professora (como tantos professores fizeram nos anos de austeridade pós-resgate) e emigrou para a Suíça para trabalhar na limpeza. Mais tarde voltou a trabalhar na Covilhã, ensinando história.
Luísa Rodrigues identifica-se plenamente com a vaga de protestos e lamenta o clima de incerteza, refere o jornal.
O que os leigos podem perder na cobertura desses protestos é quantas pessoas como a profissão docente de Luísa Rodrigues Portugal realmente perdeu na última década. Milhares mudaram de carreira enquanto observavam as condições piorarem – outra razão pela qual aqueles que permaneceram foram sobrecarregados com suas responsabilidades diante de “recompensas” sem brilho. A satisfação de educar os alunos não paga as contas nem põe comida na mesa. E é por isso que a situação chegou a esse ponto de crise.
Na quarta-feira, relatórios sugerindo que “novas formas de protesto para fevereiro” estão em andamento.
O “medo” do presidente Marcelo de que as greves afetem o Carnaval parece estar se tornando realidade.
Através Natasha Donn
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