61.000 mortes atribuíveis ao calor no verão passado na Europa – estudo

por Gloria Dickie e Kate Abnett

LONDRES/BRUXELAS, 10 Jul (Reuters) – As ondas de calor recorde do verão passado na Europa provavelmente serão a causa de mais de 61.000 mortes no continente, mostra um estudo publicado na revista Nature Medicine nesta segunda-feira, destacando o despreparo dos governos no face a esta consequência das alterações climáticas.

Pesquisadores de vários institutos de saúde europeus estimam que mais de 61.600 mortes registradas em 35 países europeus entre o final de maio e o início de setembro de 2022, durante o verão mais quente já registrado na Europa, são atribuíveis ao calor.

O calor extremo pode causar a morte por hipertermia ou agravar condições cardiovasculares ou respiratórias, sendo os idosos os mais vulneráveis.

Os pesquisadores usaram modelos epidemiológicos para analisar o excesso de mortalidade por todas as causas e deduzir o número de mortes diretamente ligadas ao calor.

Em um relatório publicado em 23 de junho, a Public Health France estimou que quase 33.000 mortes registradas na França entre 1º de junho e 15 de setembro de 2014 a 2022 foram atribuíveis ao calor, incluindo 23.000 mortes de pessoas com 75 anos ou mais.

Os países mediterrâneos – Grécia, Itália, Portugal, Espanha – têm a maior taxa de mortalidade, em relação ao tamanho da população.

“Os países mediterrâneos são afetados pela desertificação, as ondas de calor são amplificadas durante o verão devido às condições mais secas”, escreve Joan Ballester, coautor do estudo e professor do Instituto de Saúde Global de Barcelona. (Instituto de Saúde Global).

Durante um verão continental marcado pela seca e numerosos incêndios florestais, Portugal registou um pico de temperatura de 47°C em julho, próximo do recorde de 47,3°C alcançado em 2003.

Em números absolutos, Itália, Espanha e Alemanha registraram o maior número de mortes atribuídas ao calor – 18.010, 11.324 e 8.173, respectivamente.

Desde a onda de calor de 2003, países como a França tomaram medidas para lidar com o calor extremo, estabelecendo sistemas de alerta e prevenção ou desenvolvendo espaços verdes para “resfriar” as áreas urbanas.

Mas os pesquisadores acreditam que a alta mortalidade relacionada ao calor do verão passado deve levar os governos a fortalecer ainda mais seus sistemas.

Os países europeus “devem revisar seus planos e ver o que não está funcionando”, disse Chloe Brimicombe, especialista em clima da Universidade de Graz, na Áustria. (versão francesa Jean-Stéphane Brosse, editado por Blandine Hénault)

Isabela Carreira

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